segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

AH!, MEU CARO WATSON.

Totalmente repaginado para a nova geração, Sherlock Holmes surpreende em seriado britânico.

Descobri Sherlock Holmes por volta dos meus 14 anos. Li "O Cão dos Baskervilles" e imediatamente li livros atrás de livros até finalizar a coleção do maior detetive do mundo. Tudo nas histórias criadas por Sir Conan Doyle me encantava: a personalidade excêntrica do personagem principal, o clima sobrenatural desmistificado com a solução do caso, o contexto britânico do início do século e, é claro, a inteligência excepcional do detetive. 

Por esses motivos que, quando fiquei sabendo de uma série televisiva que mostrava o famoso investigador nos dias atuais, torci o nariz, provavelmente como todo fã mais tradicional do detetive. Minha sorte, contudo, foi não ter sido tão teimoso e ter dado uma chance à produção. 

Preciso destacar os aspectos pelos quais vale a pena conferir o seriado. Primeiramente, temos todo o universo do senhor Holmes no contexto atual: Watson, o fiel companheiro de Holmes, é ex-militar (como nos livros) mas desta vez serviu no Iraque; ao invés de escrever os livros narrando as aventuras de Sherlock, ele atualiza seu blog. Sherlock Holmes utiliza todo aparato tecnológico dos dias de hoje para resolver seus casos e o o ritmo do seriado é mais ágil e urgente, resultados de uma edição caprichosa.

No que diz respeito aos episódios, é necessário ressaltar o formato não tradicional: no lugar de uma temporada com vários episódios de cerca de quarenta minutos de duração (o comum ao se tratar de dramas policiais), temos três episódios longa-metragens por ano de produção, cada um abordando, de forma adaptada mas sem perder a essência, um romance do detetive. Assim, da mesma nameira que "Um estudo em vermelho" inaugura as aventuras literárias do investigador britânico, "Um estudo em rosa" é o episódio de estreia da produção televisiva.

Andrew Scott interpreta, brilhantemente, o vilão James Moriarty. 
Outro grande acerto são os atores. Benedict Cumberbatch está excelente em sua interpretação de Sherlock Holmes e Martin Freeman nos entrega um ótimo Dr. Watson. Contudo, é Andrew Scott quem rouba a cena com o vilão James Moriarty: o grande trunfo da série. Manipulador, psicótico, genial e claramente insano, não há como não se empolgar com as armadilhas que ele tece ao redor do protagonista.

De tempos em tempos, surge um seriado que vem para "ressucitar" um gênero televisivo e "Sherlock" traz vida nova ao atual panorama do drama policial dominado por C.S.I. e seus spin-offs. Uma das melhores séries em produção atualmente, as investigações do mundialmente conhecido detetive merecem um olhar mais atento, principalmente por parte dos produtores da Warner Bros, que insistem na ideia de nos fazer aceitar o palhação do Homem de Ferro sem sua armadura como o novo Sherlock.

Sherlock Holmes da BBC teve duas temporadas produzidas, totalizando 6 episódios. A terceira temporada está prevista para o final de 2013. No Brasil, o seriado é exibido pela BBC HD. Os boxes com as duas primeiras temporadas podem ser encontrados nos maiores sites de compra.

sábado, 13 de outubro de 2012

CHRIS CARTER: GÊNIO OU SORTUDO


O último episódio de "Twin Peaks" foi ao ar em 10 de junho de 1991. Série criada por Mark Frost e David Lynch, causou furor na TV americana com suas esquisitices e a famosa pergunta "Quem matou Laura Palmer?". Foi um enorme fenômeno, mas após seu término (na fraca segunda temporada), o gênero bizarrices/suspense caiu no ostracismo absoluto.

Foi então que um surfista californiano chamado Chris Carter, inspirado pela série "Kolchak e os demônios da noite", criou o maior fenômeno televisivo dos anos 90: "Arquivo X" ("The X Files" e "Ficheiros Secretos", em Portugal). Para se ter uma ideia, em todas as listas dos melhores seriados de todos os tempos, "Arquivo X" está sempre presente. Vamos aos números: na lista dos 100 melhores seriados da revista Monet (distribuída aos assinantes da Net), a série está em 13º lugar. Quando a revista britânica Empire elegeu os 50 melhores seriados, "Arquivo X" ocupou a 9ª posição. O episódio mais assistido da série, de sua quarta temporada, foi acompanhado pelo impressionante número de 30 milhões de telespectadores.

Inicialmente, anunciou-se que "Arquivo X" terminaria em torno de sua quinta temporada. Esse prazo estendeu-se então para o 7º, 8º e finalmente, 9º e último ano de produção do programa, principalmente devido ao fato de Chris Carter não conseguir emplacar outro sucesso para a Fox. Chris Carter criou, no total, três seriados, e Arquivo X, finalizado após nove anos no ar, continuou como seu maior sucesso. 

Dentre todos os mistérios, conspirações e perguntas lançados nas tramas de seus seriados, o que realmente fica sem explicação é: como suas séries, tão inteligentes, bem escritas e bem produzidas, não tiveram boa aceitação do público? 

Arquivo X (1993 - 2002)
Dana Scully, formada em medicina e agente do FBI, é designada à misteriosa divisão da agência de investigação chamada "Arquivo X", cujo objetivo é resolver casos dados como sobrenaturais e que ficaram em aberto por falta de evidências. Conhece Fox Mulder, agente obcecado por essas investigações após ter presenciado a abdução de sua irmã. O papel de Scully é descredenciar as afirmações sobrenaturais de Mulder e provar, à luz da ciência, que tudo pode ser explicado. A natureza oposta dos protagonistas - o crente e a incrédula, a fé e a religião, a imaginação e a razão - cria uma excelente química entre os personagens que, aliada ao fato dos produtores não se preocuparem (inicialmente) em investir no romance, faz com que o seriado se torne um sucesso absoluto. A série ainda rendeu dois longas no cinema (e pode ter certeza que um terceiro surgirá) e sua música tema já entrou para a lista de temas clássicos da cultura pop. A série ficou famosa pelas suas frases de impacto ("A verdade está lá fora", "Não confie em ninguém", "Eu quero acreditar")  e por símbolos que seus roteiristas colocavam em episódios: horas e códigos numéricos recorrentes em seus episódios. Tudo para brincar com o telespectador. Outra característica da série é que seus produtores não tinham medo de matar personagens; claro que sabíamos que os protagonistas jamais morreriam, mas todos os outros estavam em cheque - como aprendemos, surpresos, no final da primeira temporada. "Arquivo X" também foi pioneiro na internet: por ter surgido no momento que a internet começava a ser utilizada pelo grande público, foi um dos primeiros seriados a acalentar fóruns de discussões, salas de bate papo e a criar comunidades online de fãs que, logo após a exibição de um episódio, enchiam a rede de comentários e teorias. Isso tudo pode parecer muito normal hoje, mas imagine isso há quase vinte anos...



Millennium (1996 - 1999)
Frank Black, ex-agente do FBI tem um dom (ou maldição): ele é capaz de ver flashes do que o assassino viu ou fez na cena de um crime. Frank é contatado por um misterioso grupo (o Millennium do título) que tem como objetivo lutar contra o mal e preparar a humanidade para a passagem do milênio. Uma espécia de "O Silêncio dos Inocentes", o seriado tratava semanalmente de crimes brutais, discussões religiosas e da eterna batalha entre o bem e o mal (aqui, de uma forma mais explícita, mencionando demônios, anjos, salvação de almas, passagens religiosas etc). Um seriado muito mais denso e sombrio que "Arquivo X": seus episódios eram sempre iniciados com trechos bíblicos, sua abertura trazia mensagens como "O fim está próximo", "Desespere-se", "A hora é agora", os casos investigados incluíam pais que matavam ou abusavam de seus filhos, professores que abusavam de seus alunos, e muitos, muitos, psicopatas. Após uma primeira temporada de sucesso, precisou ser amenizado para ter uma maior aceitação pelo público geral. Apesar de muito elogiado, sua seriedade e obscuridade fizeram com que a série fosse cancelada em seu terceiro ano. Melhor assim, pois apesar do fim prematuro, os episódio mantiveram um nível de qualidade até seu episódio final.



Harsh Realm (1999)
O tenente americano Thomas Hobbes  estava prestes a se aposentar quando é chamado para uma última missão: entrar no programa virtual de treinamento de guerra chamado "Harsh Realm" e capturar Santiago, um sargento que se escondeu dentro da simulação quando descobriu que poderia dominar todo aquele mundo virtual e, a partir de lá, influenciar o mundo real. Hobbes acaba ficando preso dentro de Harsh Realm, e, junto a outros ex-soldados fugitivos, tenta derrotar Santiago e escapar do mundo virtual. A série, embora muito bem produzida e muito bem escrita, foi cancelada abruptamente após a exibição de apenas três episódios devido a baixos índices de audiência. O canal pago americano FX comprou os direitos para exibir os 9 episódios que já estavam prontos e a série ainda ganhou fôlego, embora breve, no lançamento de um box com os episódios produzidos. 





segunda-feira, 1 de outubro de 2012

NOVE SÉRIE: REVOLUTION

Nova série de J. J. Abrams estreia e a dúvida surge: novo Lost ou novo fiasco?



J. J. Abrams sofre da mesma síndrome que Chris Carter: entrou para o triste grupo dos criadores de seriados que, após um excelente trabalho, não conseguem emplacar um segundo sucesso. Claro, que no caso do sr. Abrams, a coisa não foi assim tão repentina. Sua primeira série foi "Felicity" (1998 - 2002): drama adolescente sobre jovem que após finalizar o colegial baseia em seus hormônios sua decisão sobre qual faculdade frequentar - ela escolhe a mesma universidade para a qual seu interesse vai. A série fez sucesso e abriu caminho para "Alias" (série de ação, cheia de reviravoltas e que, devido ao sucesso, contou com presenças ilustres como a de Tarantino, que escreveu e atuou em dois episódios). "Alias" (2001 - 2006) durou cinco anos, e quando estava começando a cambalear (por volta da quarta temporada), J. J. engatou "Lost" (2004 - 2010). Sucesso absoluto que durou 6 temporadas, gerando polêmicas por tantos mistérios e poucas respostas (ele não aprendeu com o erro de Chris Carter). 

Após o término de "Lost", sua carreira televisiva entrou em declínio: "Fringe" (2008 - 2013), sobre uma divisão especial do governo que investiga casos ligados à ciência de borda, está em seu quinto e derradeiro ano e oscila entre renovação e cancelamento desde a segunda temporada. "Alcatraz", thriller policial sobre o desaparecimento de todos os presos da famosa prisão e seu retorno, décadas mais tarde com a mesma aparência, não sobreviveu a uma temporada completa. "Undercovers" (2011) trazia um casal aposentado da CIA que decide voltar à ativa por sentir falta da adrenalina; cancelado sem ao menos terminar sua primeira temporada. A única série pós-Lost que rendeu bons frutos foi "Person of interest": sobre um milionário que desenvolve um software capaz de prever a identidade de pessoas relacionadas a crimes hediondos sem, no entanto, revelar se a pessoa será vítima, agressor ou testemunha. Cabe aos personagens principais descobrir e impedir o crime. Série redondinha, mas sem o apelo nerd de "Lost".

"Revolution" é mais uma tentativa do produtor/diretor/roteirista de alcançar o mesmo status que teve seu maior fenômeno. O piloto nos relembra sobre como dependemos da eletricidade para tudo: comunicação, transporte, hobbies etc. Em uma noite, aparentemente sem motivo algum, perdemos a energia elétrica. Não só ficamos sem luz, mas nada mais que gera energia funciona: carros, aviões, pilhas... Repentinamente as luzes se apagam, os carros param, os aviões caem. Corte para 15 anos mais tarde, numa sociedade sem governo, controlada por milícias, onde as pessoas fugiram dos centros populosos e se reclusaram em pequenas vilas e cidadezinhas. Você não tem como se comunicar com seus familiares e amigos pois não há telefones, celulares, computadores. Todas as memórias de sua vida, que você tão cuidadosamente deixou em um CD, pen drive ou mesmo no Iphone, não são mais acessíveis. Isso sem mencionar as implicações nas áreas da saúde, alimentação, economia e por aí vai.

Os mistérios da série giram em torno do motivo do apagão ter ocorrido, do pen drive que Miles Matheson (o pai da personagem principal) conseguiu salvar com dados importantes segundos antes do apagão e da misteriosa personagem que possui eletricidade em sua casa e que se comunica com outra pessoa pelo computador.

Alguns fatores limitam um pouco o seriado, como o fato da personagem principal ser muito jovem e imatura para ter apelo aos adultos e a questão da produção investir em um romance "proibido" entre ela e um jovem soldado da milícia. Por outro lado, a premissa é interessante e os dois primeiros episódios mostraram um cuidado especial da produção.

Agora só uma observação: enquanto fazia esse post, a energia caiu umas cinco vezes. Será? :)

domingo, 12 de agosto de 2012

NOVA SÉRIE: ARROW

Mais um personagem da DC tenta a sorte nas telinhas.



Com o grande sucesso da já encerrada Smallville, vez ou outra surge um projeto com um herói da DC para a TV. A série que conta as aventuras do jovem Clark Kent trouxe vários personagens da editora em participações especiais e instigou os fãs com a possibilidade desses heróis aparecerem em seriados solos. 

Depois de vários boatos, Oliver Queen, o Arqueiro Verde, finalmente ganha sua produção. A sinopse inicialmente divulgada inspira-se, aparentemente, em Arqueiro Verde: Ano Um. Entretanto, ela deixa clara a intenção do canal de recriar um novo Smallville

“Depois de um violento naufrágio, o playboy bilionário Oliver Queen [Stephen Amell] desapareceu por cinco anos. Dado como morto, ele é descoberto numa remota ilha no pacífico. Quando ele retorna para sua casa, em Starling City, sua devota mãe Moira [Susanna Thompson], sua amada irmã Thea [Willa Holland], e seu melhor amigo Tommy [Tommy Merlyn, feito por Colin Donnell] lhe dão as boas-vindas, mas sentem que Oliver mudou muito pelo tempo que passou na ilha.
Enquanto Oliver esconde a verdade sobre o homem que se tornou, ele desesperadamente sente necessidade de reparar suas atitudes que tomou quando era apenas um garoto. Mais importante, ele busca reconciliação com sua antiga namorada, Laurel Lance [Katie Cassidy].
Durante o tempo em que começa a se reconectar com as pessoas mais próximas de si, Oliver secretamente cria a ideia de Arrow — um vigilante — para consertar os erros de sua família, desafiar os males da sociedade, e restaurar Starling City para sua glória. De dia, Oliver faz o papel do rico e despreocupado galanteador que era — sempre flanqueado por seu chofer/guarda-costas John Diggle [David Ramsey] –, enquanto guarda cuidadosamente a identidade secreta que esconde sob a escuridão.
No entanto, o pai de Laurel, o Detetive Quentin Lance [Paul Blackthorne], está determinado a prender o vigilante que opera em sua cidade. Enquanto isso, Moira, a própria mãe de Oliver, sabe muito mais sobre o naufrágio do que parece — e é muito mais impiedosa do que ele poderia imaginar.”

O primeiro episódio vai ao ar em 10 de outubro.Confira o vídeo promocional lançado:


sábado, 4 de agosto de 2012

WACTHMEN ANTES DE WATCHMEN

"Before Watchmen" chega com a promessa de reviver o universo criado por Alan Moore e Dave Gibbons em 1988.

Negar a importância de Watchmen para as histórias em quadrinhos é o mesmo que negar a importância dos Beatles para o rock. Você só tem o direito de fazê-lo se for um total ignorante. Obra de Alan Moore (roteiro) e Dave Gibbons (arte), Watchmen surgiu no final dos anos 80, período no qual os heróis, principalmente os da DC Comics, seguiam um padrão maniqueísta de conduta. A graphic novel chega então lançado a pergunta: o que aconteceria se pessoas normais, com seus anseios, falhas de caráter, crises, vaidades, contradições, repentinamente se vissem como super heróis? Partindo do ponto que os heróis são realmente humanos, em toda a essência dessa definição, Moore e Gibbons criaram uma história que desconstruía os heróis e suas roupas colantes, ao mesmo tempo que se discutia sistemas caóticos, religião, metafísica e etc. Alguns amaram. Outros odiaram.

Portanto, quando a DC surgiu com o projeto "Before Watchmen", com o objetivo de contar a história antes de Watchmen, não só o público mas também os criadores da obra original ficaram divididos. De um lado, Moore acusando o ex-parceiro de ter se vendido à editora e perdido o foco do trabalho pela arte. Do outro, Gibbons querendo dar continuidade (ou "inicialidade") à obra. Não só Alan Moore fez questão de não se envolver com o projeto como também declarou a quem quisesse ouvir que era contra sua realização e que quem fosse realmente seu fã não deveria sequer comprar as edições. Não adiantou muito. A DC Comics está publicando os acontecimentos anteriores a Watchmen há cerca de dois meses. Como ainda não há previsão da chegada das edições em terras tupiniquins, recorri ao bom e velho torrent para ver como o projeto tem se desenvolvido.

  

MINUTEMEN #1
Quando os heróis começaram a surgir em vários cantos do planeta no universo de Watchmen, alguns deles decidiram se agrupar e criar o primeiro grupo de combate ao crime. A primeira edição conta como o grupo se reuniu e um pouco da origem de cada, a partir do ponto de vista do primeiro Coruja. Por enquanto, nenhuma novidade para quem leu Watchmen.


ESPECTRAL II (SILK SPECTRE) #1
De longe, o exemplar mais fraco da nova saga. Foge totalmente do universo dos heróis e foca mais no desenvolvimento pessoal da adolescente Laurie Juspeczyk, entre amores juvenis e crises maternas. A arte leva traços de mangá e em determinados momentos parece uma revista para garotas. Se vai melhorar, só nos resta torcer. E muito.

COMEDIANTE (COMEDIAN) # 1
Derruba um pouco a imagem causada pelo personagem em Watchmen e suaviza suas falhas. A primeira edição nos mostra uma perda importante para Blake o que o pode ter levado a se tornar o homem amargo e um tanto desprezível que conhecemos na obra original.

   




CORUJA II (NITE OWL) #1
Uma espécia de Batman, assim como ele nos é apresentado na minissérie de Alan Moore. Aqui, acompanhamos um pouco mais de perto a transição entre o Coruja I e o II. No entanto, mais uma vez é uma história que já foi pincelada em Watchmen e não chega a ser uma grande novidade. Vale a pena esperar pelos próximos números porque o personagem promete.

OZYMANDIAS #1
Até então a melhor edição: nos mostra a origem do "herói" de forma detalhada. Embora sem muita ação (como todas as edições, por enquanto), a narrativa consegue prender o leitor na busca de Adrian enquanto ele se educa para ser o homem mais inteligente do mundo. A arte da edição merece destaque pelo capricho apresentado.  

Embora a grande expectativa seja em relação às edições de Rorschach (15 de agosto) e Dr Manhattan (22 de agosto), já é possível perceber que "Before Watchmen" não chegará aos pés da obra original. Se é devido à ausência de Moore no projeto ou se não há realmente nada mais de interessante que possa ser contado com os personagens, só saberemos em janeiro de 2013, quando a saga chegará ao fim.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

FIQUE DE OLHO: DEFIANCE

Nova produção de Rockne S. O’Bannon promete agradar fãs de ficção científica.

Parece que foi ontem que li pela primeira vez sobre "Farscape" na finada revista Sci-fi News. O seriado, uma produção australiana, surgiu timidamente mas tornou-se um grande sucesso da noite para o dia (e futuramente ganhará um post aqui). Recentemente, Rockne S. O’Bannon, o criador da série, voltou a virar notícia com o anúncio de sua mais recente produção: Defiance. Por ser fã de Farscape, devo confessar que expectativas começaram a surgir!

A série, que deverá estrear só em abril de 2013, narra os acontecimentos 30 anos após uma guerra travada entre terráqueos e os Votans, uma raça alienígena que, desde a destruição de seu planeta natal, procura por outro para habitar. A guerra não teve vencedores e ambas espécies decidem (tentar) viver em harmonia.

Inicialmente, a série terá 13 episódios em sua 1ª temporada e deverá ser uma mistura de Terra - Conflito Final e V

As fotos divulgadas mostram um cuidadoso trabalho visual. Confira aqui o primeiro trailer teaser da série, exibido na Comic-Con 2012.

sábado, 21 de julho de 2012

MULHER-MARAVILHA: É POSSÍVEL

Animação da DC mostra que é possível, sim, um longa metragem da heroína amazona.

Se todo mundo achava inviável, eu não sei, mas eu sempre torcia o nariz quando ouvia falar sobre a produção de um possível longa metragem baseado nas aventuras da Mulher-Maravilha. Convenhamos: uma heroína que combate o crime de maiô? Um avião invisível? Esses aspectos podem funcionar nas HQ's mas nas telonas ficaria tudo muito brega!

Recentemente assisti ao longa de animação da DC Comics Wonder Woman. O projeto em si - DC Universe Animated Original Movies, veja a lista completa de títulos na wikipedia - já merece destaque (e um post próprio) por levar às telas, mesmo que só às da TV, as aventuras de heróis como Superman, Lanterna Verde, Liga da Justiça e etc como nós gostaríamos de ver nos cinemas. E o excelente tratamento dado à princesa de Themyscira me fez derrubar alguns preconceitos em relação ao aguardado-de-longa-data filme da heroína.

Primeiramente vamos esquecer nomes como Madonna, Beyoncé e Megan Fox que já foram cogitados para interpretar a heroína. Na verdade, toda e qualquer jovem atriz que já fez sucesso chegou a fazer parte da lista de rumores sobre quem interpretaria a princesa guerreira. Entretanto, creio que o sucesso do filme estaria mais em sua produção/roteiro e que um nome desconhecido seria a melhor opção. Quem assistiu à animação citada acima com certeza imaginou que a batalha "espartana" da primeira cena funcionaria muito bem no cinema. Então, assim como Thor, a primeira aventura de Diana nas telonas deveria focar em suas origens e em sua relação com a mitologia grega, revelando uma história mais relacionada aos deuses e seus monstros do que a inimigos do "mundo real".

Cenas do longa de animação Wonder Woman, de 2009, mostrando que
a heroína pode originar ótimas sequências de ação.

O traje da heroína continuaria sendo um problema. O tradicional "maiô" não funciona de forma alguma! É o clássico, os fãs mais radicais enlouqueceriam com a mudança, mas ele deve ser abandonado. E os produtores da já cancelada série da Warner perceberam isso: colocaram uma calça na heroína. Não ajudou e ainda parecia uma fantasia. Em minha opinião, o problema está nas cores: muito vivas, muito berrantes. Ao assumir tons voltados para o marrom, ao estilo das roupas de soldados gregos e espartanos, creio que a Mulher-Maravilha poderia ser levada mais à sério. De repente, algo similar às roupas da Xena.

Da esquerda para a direita: Lynda Carter, com o "maiô" tradicional da heroína na produção dos anos 70.  Adrianne Palicki, no piloto da Warner de 2011: agora vestindo calças, mas com a mesma aparência de fantasia. Lucy Lawless, como Xena: estilo de traje mais guerreiro e menos colorido
Finalmente, os mais fanáticos deveriam abandonar duas outras características da heroína: o tal jato invisível  - que, ao meu ver, não deveria existir em mídia alguma - e o laço da verdade, cuja maior função é remeter à fantasia masculina de ser amarrado por uma beldade.

Produtores hollywoodianos, leram esse post? É só fazer certinho e logo, logo podemos começar a pensar no filme da Liga (que funcionará melhor depois que todos seus membros - ou a maioria deles - já tiver tido sua experiência solo nos cinemas, a exemplo de "Os Vingadores" da Marvel).

domingo, 15 de julho de 2012

DC COMICS DO ZERO

Editora norte-americana reinicia sua linha de quadrinhos. Mais uma vez.


Para quem não sabe, a DC Comics é uma das maiores editoras de quadrinhos dos EUA. Concorrente direta da Marvel Comics, ela é a responsável pela publicação de heróis como Batman, Superman, Mulher-Maravilha, Lanterna Verde, Flash e etc e por muito tempo esteve em segundo lugar nas vendas de histórias em quadrinhos na terra do Tio Sam, logo atrás da toda poderosa Marvel.

Agora imagine uma editora que publica títulos como Superman há mais de 70 anos. A mistura de centenas de histórias e muitos (muitos, mesmo!) escritores diferentes faz com que fique extremamente difícil manter todos os detalhes em total acordo. Por isso e principalmente para alavancar suas vendas e deixar as histórias mais acessíveis para as novas gerações de leitores, a DC Comics decidiu reiniciar tudo: histórias, origens, encontros etc. Não é exatamente a primeira vez que a editora toma essa iniciativa. Os denautas (fãs da DC) de longa data já viram isso acontecer após "Crise Nas Infinitas Terras", "Zero Hora", "Crise Infinita"... Basicamente, cria-se uma mega saga onde muitos heróis e vilões morrem e logo em seguida eles zeram tudo. Mas o que fazer com as histórias já lançadas? Inicialmente, devemos simplesmente esquecê-las. Porém, podemos esperar que a editora volte atrás e nos revele que elas ocorreram, sim, mas em um universo paralelo. 

Dessa vez, a saga que zerou tudo foi "Flashpoint", chamada no Brasil de "Ponto de Ignição". Nela, o personagem Flash (Barry Allen) viaja no tempo para impedir que o Flash Reverso cometa um crime que afeta Barry de forma pessoal. No entanto, nessa viagem temporal o herói acaba criando uma realidade alternativa na qual os heróis que conhecemos são bem diferentes de suas "cópias originais". Após as cinco edições de "Ponto de Ignição", a DC começa tudo de novo, com uma janela de cinco anos cronológicos, o que significa que Batman, Superman e cia estão na ativa há apenas cinco anos. A editora lança os "Novos 52", cinquenta e duas novas séries que devem contar o início de todos os heróis da editora.



SUPERMAN Nº1
Inicialmente o carro forte da editora lá em sua Era de Ouro, em seu novo número 1 vemos um Clark Kent em início de carreira. O personagem ainda é jovem e inexperiente (lembrando muito o Superboy) e ainda não domina todos os seus poderes plenamente. O Homem de Aço também vem com um visual mais despojado: uma camiseta com o famoso símbolo, uma capa vermelha, jeans e sapato. Nada daquela sunga vermelha por cima da calça e nada de Lois Lane também. Okay, ela faz sua aparição, mas ainda teremos um longo caminho até o casamento. O herói também abandona aquela imagem de bom moço ao mostrar um certo desrespeito com as leis e não hesitar em causar medo com seus poderes. Infelizmente, com esse reboot, devemos fingir que excelentes histórias, como "A Morte do Super-Homem", nunca existiram. Nessa primeira edição ainda temos a Supergirl se descobrindo como heroína (e vamos dar vivas por não existir o tal casamento com Luthor!).


BATMAN Nº1 & A SOMBRA DO BATMAN Nº1 
O universo de Batman foi o que menos sofreu alterações com o reboot da editora. A dupla dinâmica que continua em operação é aquela que estava em atividade antes de "Ponto de Ignição": Bruce Wayne como Batman e Damian (filho de Bruce com Thalia Al Ghul) como Robin. Os três "Robins" anteriores não são ignorados aqui: Dick Grayson, Jason Todd e Tim Drake existiram. Apesar da tentativa de deixar o herói mais jovens e modernos, Bruce Wayne continua com sua atitude ranzinza. Mas esse é o charme do personagem, certo? Vale notar a influência dos filmes mais recentes nas novas histórias: o uniforme do Batman é uma armadura muito semelhante àquela usada pelo herói nas telonas e o Coringa apresenta uma personalidade mais insana, assim como uma maquiagem similar a do personagem interpretado por Heath Ledger.


LIGA DA JUSTIÇA Nº1
Na primeira edição, apesar da capa enganosa que nos mostra toda a equipe, temos o encontro de Batman e Lanterna Verde. E esse realmente é o primeiro encontro. O Lanterna que temos aqui é Hal Jordan (esqueceremos a fase Parallax), mas sua personalidade se assemelha mais a de Kyle Rayner. Nessa primeira história, Batman e Lanterna trabalham juntos (na medida do possível) na investigação de uma possível ameaça alienígena - o que os leva a procurar o kryptoniano, afinal, ele também é um alienígena e deve ter algo a ver com o que está acontecendo. Superman aparece aqui com um uniforme mais elaborado: uma mistura de seu uniforme clássico com armadura. Também vemos Victor Stone, o futuro Ciborgue, ainda sem sua futura transformação. Aparentemente, o herói não passará pelos Novos Titãs nesse universo reformulado.


UNIVERSO DC Nº1

Revista de 156 páginas que traz aventuras de vários heróis da editora: Aquaman, Gavião Negro, Nuclear, Senhor Incrível, Mulher Maravilha e outros. Todos se apresentam mais jovens, sem sequelas de histórias anteriores (muitos sentirão falta do gancho de Aquaman e de sua personalidade mais agressiva) e as histórias prometem agradar tanto os leitores antigos quanto os novos.





 LANTERNA VERDE Nº1 

O heróis que mais divide opiniões dos leitores - alguns amam os lanternas, outros odeiam - segue com sua publicação mensal no Brasil. Aqui, continuamos com Hal Jordan como o lanterna responsável pela Terra, mas também temos histórias de Guy Gardner e John Steward. Em edições já publicadas nos EUA, foi Alan Scott, um dos primeiros lanternas, que chamou mais a atenção nesse reboot ao sair do armário e assumir sua homossexualidade nesse universo repaginado da DC.





E, apesar dos Novos 52 estarem chegando no Brasil só agora (na verdade, as edições número 1 foram publicadas em junho), nos EUA o sucesso foi garantido. Com as cinco primeiras edições, a DC Comics ultrapassou a toda poderosa Marvel nas vendas e deu novo pique aos heróis da editora. O sucesso de "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge" nos cinemas certamente contribuirá para as vendas da editora. Só nos resta esperar que eles finalmente acertem a mão com o novo filme do Superman e, quem sabe, poderemos ter uma aventura da Liga da Justiça que possa rivalizar com "Os Vingadores". É esperar para ver o rumo da DC Comics com essa audaciosa estratégia!

sexta-feira, 6 de julho de 2012

A VOLTA DO AMIGO DA VIZINHANÇA AO CINEMA

Apenas cinco anos após o término de sua primeira trilogia nos cinemas, Peter Parker retorna às telonas em um filme mais maduro e sombrio.

Criado no início da década de 60 por Stan Lee e Steve Ditko, o Homem-Aranha é um dos maiores sucessos editoriais das histórias em quadrinhos desde que lançou sua teia pela primeira vez. Em um contexto onde os heróis são exemplos de moral e dignidade, tanto escondidos sob seus uniformes como em suas vidas privadas, o Aracnídeo chamou a atenção por mostrar, pela primeira vez, um mocinho que usava seus poderes para ganhar dinheiro: ele tira fotos de seu dia a dia no combate ao crime e vende para o Clarim Diário. Mas ele não é esse mercenário já que seu objetivo é ajudar sua idosa tia viúva a pagar suas contas e comprar remédios. O herói também tem que enfrentar os problemas comuns como desemprego, problemas financeiros, um chefe autoritário e garotas (ou a falta delas). Essas características, aliadas a uma personalidade introspectiva e uma vida solitária (Hello, nerds!), o aproximaram mais de seus leitores e fizeram com que o Homem-Aranha, apesar de saltar entre prédios e lutar contra inimigos bizarros, se tornasse o mais humano dos super-heróis.





GWEN STACY
A maior diferença entre a primeira trilogia cinematográfica de Peter Parker é seu interesse romance: nas HQ's, o grande amor do Homem-Aranha é a loira Gwen Stacy, sua namorada desde a faculdade e que morre tragicamente pelas mãos do Duende Verde. A morte de sua namorada trouxa um grande impacto psicológico para as histórias do personagem. 



O UNIFORME NEGRO
Muitos heróis ganham um novo visual com o objetivo de dar um up em suas vendas. Em uma mega aventura envolvendo vários personagens do universo Marvel, o Homem-Aranha teria seu uniforme "consertado" por uma máquina em outro planeta. O resultado foi uma vestimenta negra com uma aranha branca no peito. Além do visual super cool e mais "sério", a roupa ainda aprimorava seus sentidos aranha, produzia sua própria teia, aumentava a força do herói e reagia de acordo com a vontade de seu dono: apenas com o pensamento, o uniforme saia de seu corpo, abria espaço na máscara para sua boca e tomava outras formas. O lado negativo é que esse uniforme produzia uma quantidade muito alta de adrenalina, desgastando mais seu usuário e tornando-o mais agressivo. Peter Parker descobre então que seu uniforme é, na verdade, uma forma de vida alienígena que está em uma relação simbiótica com ele. Após muita luta, ele se livra do uniforme que acaba se apropriando de outro repórter e temos então o (odiado por muitos e amado por outros) vilão Venom. 




A SAGA DO CLONE
A mais polêmica saga do Amigo da Vizinhança. Ainda na época da faculdade, Peter tem uma amostra de seu DNA retirada para fins acadêmicos. No entanto, o vilão Chacal acaba utilizando essas amostras para criar clones do herói e brincar com sua psique (e a dos leitores). No decorrer das histórias, a questão sobre quem é o verdadeiro e quem é o clone é constantemente trazida à tona e o arco de histórias se torna um tanto quanto cansativo. Em 2009, a Marvel anunciou planos de reaver a saga, publicando-a com o final planejado e sem as intermináveis reviravoltas que desagradou tantos fãs.




No novo filme, Peter Parker é abandonado pelos pais e passa a morar com seus tios. Durante sua busca por mais informações sobre sua origem, ele encontra uma pasta com documentos relacionados aos  laboratórios OsCorp, onde, em uma de suas visitas, é picado por uma aranha que lhe dá os famosos poderes. Na nova produção, que conta a história do personagem desde o zero, Gwen Stacy está de volta como a namorada de Peter Parker e o vilão é o excelente Lagarto. Uma nova visão, que deve ser assistida sem comparações à "trilogia original" e que promete reviver a franquia do Aracnídeo nos cinemas. Vamos conferir!

domingo, 1 de julho de 2012

JULHO É O MÊS DO MORCEGO

Com a eminente estreia de "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge", vamos discutir o que se esperar do filme e rever os momentos mais importantes do milionário encapuzado.


2012 tem sido um excelente ano para os filmes de heróis baseados em HQ's. "Os Vingadores" chegou fazendo muito barulho e levou milhares de espectadores aos cinemas. Os trailers do novo filme do Homem Aranha estão instigando muitos fãs do aracnídeo (tanto os fãs dos quadrinhos quanto os fãs da trilogia cinematográfica - e embora eu ache muito cedo para recomeçar as aventuras de Peter Parker no cinema, isso é assunto para outro post). Mas só uma produção irá levar o título de filme de herói do ano e o mês de julho marca sua chegada: "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge".

É verdade que a nova trilogia do Morcego teve um início modesto com "Batman Begins", mas quando o segundo filme foi lançado, a expectativa para a franquia foi para às nuvens: tivemos um dos melhores vilões do cinema, uma trama amarrada e cenas de ação de tirar o fôlego. Agora, Christopher Nolan, diretor e um dos roteiristas da obra, parece ter trabalhado minuciosamente para fazer com que o "final épico da lenda do Cavaleiros das Trevas" - como tem anunciado em seus trailers - leve o herói para um outro nível.

Oito anos após assumir a culpa pela morte de Duas Caras (eventos finais de "O Cavaleiro das Trevas"), Batman ainda é considerado o inimigo número um de Gotham. Porém, com a cada vez mais poderosa influência do líder terrorista Bane, o herói ressurge para salvar da total destruição a cidade que o abandonou. É curioso o fato de Nolan ter escolhido Bane para essa aventura final uma vez que o personagem, nos quadrinhos, não é muito querido pelos fãs. Nos anos 90, era moda "matar" o herói para alavancar suas vendas. Foi assim com Superman, que sucumbiu perante Apokalypse (um monstro musculoso que só grunhia e destruía  tudo a sua frente), e foi assim com Bruce Wayne, que teve sua coluna quebrada por Bane (um supersoldado musculoso que só... err... grunhia e destruía tudo à sua frente). O personagem fora inimigo do Batman no vergonhoso "Batman e Robin" mas agora volta repaginado e, como principal diferença, dono de suas próprias ações. Promete, embora sem o mesmo carisma de vilões como Coringa, Duas-Caras e Pinguim.

Outra grande expectativa do filme é a (não tão) misteriosa personagem Selina Kyle, a Mulher-Gato. O charme principal da personagem sempre foi seu papel dúbio:  ladra de jóias cujo maior objetivo é ficar rica mas não má o suficiente para matar centenas e querer destruir a cidade toda. Já vimos a personagem duas vezes no cinema: no inesquecível papel de Michelle Pfeiffer (cujo cabelo loiro, totalmente diferente da personagem original, passou despercebido em meio a tanto sex appeal) e na interpretação da oscarizada Halle Berry - se bem que, ao ver o filme, fica difícil acreditar que uma atriz que já recebeu a estatueta tenha aceitado aquele papel(ão). Mas por que "não tão" misteriosa? Simplesmente porque contra tudo que todos os fãs acreditam, a Mulher-Gato não terá um uniforme!  Ainda especula-se se tudo o que veremos será Anne Hathaway com roupas pretas em cenas de ação, sem a clássica máscara e suas orelhas felinas (e o rabo? Não vamos esquecer o rabo!)

Nomes de personagens importantes na mitologia do herói como Ra's Al Ghul e sua filha Talia estão creditados como personagens do novo filme. Resta saber como eles, assim como a Mulher-Gato, colaboram com a trama e o confronto entre Bane e a Batman.

Porém, o mais comentado sobre o desfecho das aventuras do Cavaleiro das Trevas é, justamente, o final do filme. Supostamente, Nolan não teria usado um script para a sequência de encerramento do terceiro filme da saga: ele simplesmente teria sentado com os atores e explicado o que aconteceria. Sem nada escrito, sem scripts, tudo pela confidencialidade. Resta a dúvida: o que seria tão extraordinário que não merecia o risco de ser escrito?

Vamos relembrar os melhores momentos de um dos heróis mais populares da DC Comics.

BATMAN - O CAVALEIRO DAS TREVAS
Obra definitiva do herói (e sem  conexões com o filme homônimo), escrita por Frank Miller e lançada no final dos anos 80. Há dez ano o governo norte-americano proibiu o vigilantismo: encapuzados não podem mais sair às ruas agindo como autoridades. Todos eles foram forçados à aposentadoria. Bruce Wayne está com 55 anos e aposentado. No entanto, a crescente onda de crimes em Gotham o deixa desconfortável e o milionário decide que é hora de vestir o capuz do homem morcego mais uma vez. Seus problemas: uma jovem obcecada com o Batman que decide ser o novo Robin, a volta de seu pior inimigo, uma perigosa gangue de jovens em ascensão e a arma secreta do governo contra os ex-heróis rebeldes: o Superman. A obra de Frank Miller é uma das história de HQ's mais premiadas de todos os tempos. Imperdível.




BATMAN - O RETORNO
Filme de Tim Burton de 1992, inovou por trazer dois vilões presentes em uma mesma obra (fórmula que funcionou muito bem nessa produção mas que foi mal utilizada por Joel Schumacher em duas produções subsequentes). Personagens caricatos e um clima gótico típico de Burton fizeram com que essa sequência superasse o anterior (Batman, de 1989) e deixou muito marmanjo sonhando com o retorno da Mulher-Gato. 





BATMAN - THE ANIMATED SERIES
Série animada de 1992 que deu origem ao universo DC nas telinhas - a partir do sucesso dessa primeira produção, a Warner abriu as portas para Superman, Liga da Justiça, Lanterna Verde etc. Vencedora de dois prêmios Emmy, a produção inovou por homenagear personagens de séries e filmes anteriores do herói (a aparência dos personagens eram similares a dos atores e muitos deles emprestaram suas vozes para a dublagem) mas o grande atrativo do desenho foi fazê-lo voltado para o público adulto, tornando-o cada vez mais sombrio a ponto de aparecem armas de fogo de verdade (até então, os desenhos insistiam em fantasiosas armas de laser para destonar da violência real).



BATMAN - ARKHAM CITY
Premiado jogo para Playstation e PC, escrito por Paul Dini, veterano escritor das histórias do morcego. Após um atentado ao gabinete do prefeito, o Coringa é capturado e levado por Batman ao Asilo Arkham - instituição mental da cidade de Gotham - justamente no dia que outros arqui-inimigos do herói estão sendo transmitidos para a mesma instituição. Em um ataque de Arlequina (amante e comparsa do Coringa), os guardas são rendidos e Batman fica preso com seus piores inimigos. O jogo rendeu uma continuação, Arkham City.


sábado, 30 de junho de 2012

AVADA KEDAVRA!

Há quinze anos, era lançado o primeiro livro da saga Harry Potter.


Não há como negar a importância da chamada literatura de entretenimento. Por mais que críticos mais ferrenhos e petulantes possam denegrir a imagem de sucesso editoriais infanto-juvenis como "Artemis Fowl", "Crepúsculo", "Percy Jackson" e "Desventuras em Série", há de se reconhecer que é através dessas obras que muitos leitores tomam gosto pela leitura. Se eles vão ser curiosos e procurar uma literatura mais engajada e/ou filosófica, depende de cada um, mas que essas histórias podem transmitir valores de forma simplificada e que a leitura delas é melhor que a não leitura de coisa alguma, isso é!

E foi de uma dessas obras que surgiu um dos maiores sucessos literários de todos os tempos: Harry Potter, de J. K. Rowling. Lançado em 1997, o livro "Harry Potter e a Pedra Filosofal" deu início à série de sete livros que fez com que milhares de crianças, adolescentes e mesmo adultos passassem horas em horas com a cara enfiada em um livro. E eu era um deles.

Em "...A Pedra Filosofal", somos apresentados à um jovem órfão britânico que mora em um cômodo debaixo da escada da casa de seus tios. Uma espécia de Cinderela masculino, ele sofre todo tipo de maus-tratos de sua família adotiva. No entanto, ao completar 11 anos, recebe um convite da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts (o nome é auto explicativo) para que possa ingressar no corpo discente da famosa escola. A vida de Harry muda completamente e ele se vê como peça central de uma batalha entre o bem e o mal. Sim, como toda boa saga, temos a profecia e o escolhido.

Apesar de ser uma obra infanto-juvenil (e talvez justamente por isso), Harry Potter é repleto de temáticas necessárias para a formação de uma criança. O amor é visto como uma espécia de magia extremamente poderosa; foi pelo amor de sua mãe que se sacrificou para salvá-lo que Harry se mostra tão forte contra as forças do mal. A morte está presente desde o primeiro livro, com a morte dos pais de Harry e a obsessão de Voldemort em derrotá-la (inclusive, o nome do vilão pode significar tanto "voo da morte" quanto "roubar a morte"). A mãe de Harry deixa a mensagem que o amor é maior que a morte em seu sacrifício em contraponto a Voldemort, que realiza as maiores atrocidades para se manter imortal. O preconceito também é trazido às aventuras do jovem bruxo, por meio da temática dos sangue-ruim (aqueles bruxos que têm um pai trouxa - não bruxo -  e outro pertencente à comunidade mágica). Outro tema recorrente nas histórias de J. K Rowling são as escolhas: em "A Câmara Secreta", segunda aventura de Harry, o diretor de Hogwarts e espécie de mentor de Potter afirma: "São as nossas escolhas, Harry, que revelam o que realmente somos, muito mais do que as nossas qualidades". No quarto livro da saga, "O Cálice de Fogo", o diretor volta a ensinar que, mais importante do que como se nasce, é o que a pessoa se torna. 

É claro que, embora a ideia tenha parecido totalmente inédita, Harry Potter bebe muito da fonte de uma tradicional literatura infantil inglesa (internatos Victorianos, criaturas mágicas e fantásticas) além de receber pinceladas de filosofia, astronomia e latim (desde nomes de personagens a feitiços, é possível achar um significado em quase todas as palavras que soam mais "estranhonas"). As histórias também possuem uma íntima relação com a literatura detetivesca: mistério, clímax (sempre com uma reviravolta surpreendente) e desfecho contribuíram para que milhares de leitores não tirassem os olhos das páginas durante 10 anos.

Devido a todo esse cuidado de criar um mundo inteiramente mágico diferente do nosso (mas, propositalmente, com os mesmos problemas que ninguém conseguiria resolver mesmo com uma varinha mágica) que Harry Potter ainda faz sucesso, contrariando críticos que odeiam a saga e referem-se a ela como "escrita para mentes que estão acostumadas a desenhos animados". Porém, finalizo com as palavras de Stephen King: "Harry Potter passará o teste de tempo e irá para uma prateleira onde somente os melhores são mantidos. É uma série não só para uma década, mas para eras". Pelo menos para uma geração, isso será verdade!


Confira todos os feitiços dos oito filmes de Harry Potter.

terça-feira, 26 de junho de 2012

PROMETHEUS & ARQUIVO X: O ÓLEO NEGRO

Você está na sala de cinema, em sua poltrona, com seu óculos 3D e a pipoca no colo. Os astronautas da nave Prometheus entram em uma enorme câmera, cheia de ogivas das quais um óleo negro começa a escorrer. Você já viu isso antes. Você sabe o que vai acontecer. Mas e o restante da sala, será que eles sabiam?

Quando os primeiros trailers de Prometheus, de Ridley Scott, começaram a surgir, os fãs do gênero entraram em alvoroço com todas as referências à saga de Alien. E se você é um fã da quadrilogia, conseguiu identificar esses elementos facilmente: desde a sequência de abertura na qual várias linhas verticais aparecem gradativamente e forma o título do filme, até a cena final onde se vê o "Adão" dos xenomorfos (o alienígena negro). Entretanto, já na primeira aparição dessa forma de vida alienígena no mais recente filme de Ridley Scott, fica claro que o filme também dialoga (e muito) com a mitologia do seriado Arquivo X. Vamos ver o porquê.

Episódio "O Mistério do Piper Maru",
de Arquivo X (topo) e "Prometheus"
ÓLEO NEGRO

Primeiro estágio na cadeia de evolução dos xenomorfos. Os astronautas da nave Prometheus encontram uma câmara fechada há muitos anos, repleta de objetos similares a ogivas. Ao adentrarem essa câmara, eles alteraram a composição de sua atmosfera e as ogivas começam a "transpirar" um óleo negro.

Em Arquivo X, o óleo negro é uma substância alienígena recorrente no arco de histórias principal  da série.  Fica claro que sua presença na Terra tem origem na pré-história quando uma criança acidentalmente cai em uma caverna fechada há milênios e depara-se com essa ameaça extraterrestre.



OS OLHOS

À esquerda, Alex Kryckek, infectado no episódio de Arquivo X,
e à direita, Charlie Holloway, de "Prometheus".
O primeiro sinal de infecção pelo óleo negro na série de Chris Carte é através dos olhos. É possível ver uma fina camada da substância passando pelo globo ocular. 

No filme de Ridley Scott, aqueles que entram em contato com a substância inicialmente também apresentam sinais do líquido nos olhos.


Cena do episódio "The Beginning", da sexta temporada
de "Arquivo X"
INCUBAÇÃO

Prometheus mostra e evolução dessa substância negra. Inicialmente como um líquido mas posteriormente na forma de uma criatura que utilizará o corpo humano como hospedeiro para gerar uma versão mais evoluída. Durante o filme, a criatura gerada no corpo humano vai evoluindo até a versão muito similar ao alien que conhecemos. Mas o processo é sempre o mesmo: "inseminação" oral e a adorável criatura explodindo o peito/barriga de sua "mãe" humana.

Na série dos anos 90, o óleo negro foi apresentado somente nessa forma líquida por três anos: a substância alienígena que pulava de corpo em corpo buscando sua nave. No entanto, quando o primeiro longa metragem da série foi lançado, o óleo passou a gerar, também, uma criatura dentro da pessoa infectada que simplesmente forçava uma saída pelo abdômen da vítima.

ORIGENS
Em ambas as obras, o óleo negro tem como objetivo chegar à Terra para a exterminação da raça humana.

"Prometheus" está em cartaz nos cinemas. A coleção em DVD de "Arquivo X" é encontrada em todos os maiores sites de vendas online. 

sábado, 23 de junho de 2012

HQ... VOCÊ SABE POR QUÊ?

O que devemos saber sobre as histórias em quadrinhos e o por quê da arte merecer mais atenção.



As histórias em quadrinhos muitas vezes são vistas apenas como histórias infantis. Devido à popularização de títulos voltados para o público infanto-juvenil (como Turma da Mônica, Tio Patinhas e etc), esse mercado editorial passou a ser considerado a própria alma dos quadrinhos. Precisamos então, primeiramente, levar em consideração que essas obras representam apenas um segmento do gênero HQ.

Vou abrir um parenteses rapidinho aqui só para relembrar que no Brasil o termo gibi é usado como "sinônimo" para histórias em quadrinhos. Lançada em 1939, "Gibi" era uma revista brasileira do Grupo Globo voltada para a publicação de história em quadrinhos.

Antes de julgar seu amigo que gosta de ler gibis (ou: quando seu amigo te ridicularizar porque você lê gibi)  vale apontar que o gênero é uma das mais completas formas de linguagens por desenvolver três eixos: a imagem, o texto e a organização espacial dos quadros ilustrados. Esses eixos estão intrinsecamente ligados à teoria das múltiplas inteligências de Howard Gardner. Afinal, ao produzir uma história em quadrinhos é necessário a habilidade para convencer, agradar, estimular e transmitir ideias - inteligência linguística - assim como a capacidade de perceber o mundo visual e espacial de forma precisa. - inteligência espacial. Ainda temos o fato de que as ilustrações exigem domínio artísticos de diferentes estilos (realistas, cartunescos e etc). Esse conjunto de artes interligadas faz com que seja atípico encontrarmos artistas responsáveis por todas elas ao criar uma HQ - geralmente, um faz a arte, o outro o roteiro e assim por diante. É também essa pluralidade de habilidades artísticas que coloca as HQ's como a  9ª arte. Nona porque ela precisa de elementos de três artes anteriores: cor (da 3ª arte, a pintura), palavra (da 6ª arte, a literatura) e a imagem (da 8ª arte, a fotografia).

Um aspecto relevante a ser apontado é a importância do quadrinho na alfabetização. Quantos de vocês não deram os primeiros passos de leitura e interpretação de texto com os quadrinhos do Maurício de Souza (ou, os mais novos, com os mangás)? A realidade é que os gibis não diferem em nada dos livros infantis e todos sabemos a importância destes para a alfabetização nos primeiros anos escolares. O The Guardian criou um quadro interativo com as 100 pessoas que mais influenciam o hábito da leitura no Reino Unido. Dentre eles, dois dos maiores autores de HQ se destacam: Alan Moore (Wacthmen e V de Vingança) e Neil Gaiman (cujo trabalho mais conhecido é a série Sandman)

Mais recentemente, as HQ's também têm influenciado muito o cinema - não por simplesmente proverem vários enredos de super heróis para adaptações, mas por impor um desafio à 7ª arte: é possível representar os movimentos do Homem Aranha nas telas? Dá para transmitir a estética de The Spirit para a telona? Assim, as linhas cinéticas (que indicam os movimentos das personagens) foram estampadas na tela como uma edição mais rápida e acelerada (vamos lembrar o Aranha pulando de prédio em prédio novamente?) e no processo de adaptação da linguagem quadrinista para a cinematográfica, o cinema cresce também. O gênero ainda ganhou espaço em meios de comunicação que, na ausência de atores, inspiram-se nas histórias em quadrinhos para anunciar e até mesmo reconstituir crimes ou eventos, um recurso muito usado em telejornais atualmente.

Outro ponto crucial nas HQ's é que elãs são uma arte "cool" que desempenha um papel crítico e social, que no Brasil começou a assumir esse papel com a repressão militar na década de 70. Atualmente, as HQ's são consideradas o casamento da literatura com a arte, possibilitando não apenas um texto engajado como imagens críticas.  

É claro que as HQ's têm seus representantes com apelo mais popular, mas assim como em toda arte, estes servem de portas para uma viagem mais intensa no mundo dos quadrinhos.  

"O paradoxal e o incompreensível não morrem, se encarados com alegria. Só se morre 
de tédio. E felizmente as histórias em quadrinhos estão distante dele".
(Frederico Fellini)