sexta-feira, 14 de junho de 2013

ORWELL & FAWKES: HÁ TANTO TEMPO E TÃO PRESENTES

Manifestações recentes trazem à tona nomes como Guy Fawkes e George Orwell.


Dois assunto que deram muito o que falar nessa semana: os protestos em algumas das capitais brasileiras contra ao aumento da tarifa do transporte público e a polêmica invasão de privacidade de civis nos EUA. E, como não poderia deixar de ocorrer depois do surgimento do grupo Anonymous, onde há manifestações das gerações Y e Z, há o envolvimento da internet e, cedo ou tarde, surge a face de Guy Fawkes.

Guy Fawkes, conhecido também como Guido Fawkes, foi um soldado britânico do século XV que participou da "Conspiração de Pólvora", cujo objetivo era explodir o parlamento inglês em um levante católico para assassinar o rei protestante Jaime I e todos os parlamentares. A conspiração foi descoberta e Guy, responsável por guardar a pólvora, foi capturado, interrogado, julgado culpado e executado. A data 5 de novembro marca a celebração de sua morte. Celebração porque, até muito recentemente, ele era considerado apenas um traidor da coroa britânica.

A face de Guy Fawkes só passou a ser conhecida e ele apenas ganhou ares mais revolucionários e heróicos após a graphic novel "V de Vingança", de Alan Moore. Nela, um sobrevivente das atrocidades praticadas pelo governo britânico para ascender ao poder, resolve vingar-se dos responsáveis de tais crimes (que envolvem testes biológicos em humanos e o envenenamento proposital de milhares de pessoas). Ele usa uma máscara de Guy Fawkes e tem o mesmo objetivo de explodir o parlamento inglês mostrando, assim, que o governo totalitário no qual vive a Inglaterra é que deve temer seus cidadãos e não o contrário. O personagem também nos mostra que a arma mais poderosa que uma população tem contra um governo injusto são as ideias, já que essas são à prova de bala e não podem, portanto, morrer. 

Infelizmente, quando uma população cheia de ideias se choca com um governo abusivo, conflitos como os de São Paulo tendem a ocorrer violentamente. Obviamente as consequências atingem toda uma população mas, apesar do foco desse blog não ser social, a reação popular pelos seus direitos é vista por mim como algo positivo.  

E a notícia que abalou os EUA foi a revelação do ex-agente da NSA (Agência Nacional de Segurança) de que existe um esquema de monitoramento por parte do governo americano para saber o que todo cidadão  estadunidense anda fazendo. As declarações ainda afirmam que empresas de telefonia e grandes companhias como Microsoft, Apple, Google, YouTube e Facebook também estariam envolvidas. O presidente americano já se pronunciou a respeito dizendo que tais ações são medidas contra o terrorismo.    

George Orwell, pseudônimo de Eric Arthur Blair, foi um escritor britânico que expressava em suas obras uma profunda preocupação quanto às injutiças sociais. Uma de suas obras mais conhecidas, "1984", relatava exatamente um regime no qual todas as ações são vigiadas pelo Grande Irmão (daí o título do reality show "Big Brother"). Tão grande é a semelhança entre o romance escrito em 1949 com a situação atual do governo americano que o site de compras online Amazon registrou um crescimento de 7000% nas vendas do livro mencionado. 

A grande questão levantada (com a obra e com as declarações) é se, mesmo com intenções nobres, cabe ao governo dar se ao direito de invadir a privacidade de seus civis? Ao privá-los de sua liberdade, estaria o governo ainda assim dando-a aos seus cidadãos?

"V de Vingança" e "1984", duas obras que merecem ser conhecidas principalmente no contexto atual.